Sargento que matou esposa com tiros e 51 facadas em clínica fará exame de sanidade mental
09/10/2025
(Foto: Reprodução) Audiência de Sargento da Polícia Militar que matou mulher a facadas é marcada
A Justiça de Santos, no litoral de São Paulo, aceitou o pedido da defesa do sargento da Polícia Militar Samir Carvalho, acusado de matar a esposa e tentar matar a filha em uma clínica médica da cidade, para a realização de um exame de sanidade mental. Segundo apurado pelo g1, o exame avaliará se o homem tinha capacidade de entender o caráter criminoso da própria conduta.
O caso aconteceu no dia 7 de maio, na Avenida Pinheiro Machado, no bairro Marapé. Samir foi preso em flagrante após matar Amanda Fernandes Carvalho com três tiros e 51 facadas. A filha do casal, de 10 anos, também foi atingida por disparos, mas sobreviveu após ficar internada por seis dias.
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Na decisão, obtida pela TV Tribuna, afiliada da Globo, a juíza determinou a instauração de incidente de insanidade mental do acusado, destacando que o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) também concordou com a solicitação feita pela defesa de Samir.
A pedido do g1, o advogado e tribuno do júri, Fabio Hypolitto, que não tem relação com o caso, explicou que o incidente de insanidade mental está previsto no artigo 149 do Código de Processo Penal e é instaurado quando há dúvida sobre a capacidade mental do acusado.
Samir Carvalho matou a esposa Amanda Fernandes em Santos, SP
Redes sociais e Vanessa Rodrigues/A Tribuna Jornal
De acordo com o profissional, o acusado é submetido a um exame pericial psiquiátrico que avaliará se ele era imputável, semi-imputável ou inimputável no momento do crime, ou seja, se ele tinha ou não discernimento suficiente para compreender que o que fez era errado.
"Se constatada a inimputabilidade, o réu não cumpre pena em presídio comum, mas sim uma medida de segurança em hospital de custódia ou estabelecimento psiquiátrico apropriado, voltada ao tratamento e à recuperação, e não à punição", afirmou Hypolitto.
Ainda no documento, a audiência de instrução, debates e julgamento foram marcados para o dia 25 de novembro, às 14h. O ato processual está previsto para ser realizado por videoconferência.
Samir está detido no Presídio da Polícia Militar Romão Gomes, em São Paulo. O g1 tentou contato com a defesa do acusado, mas não a localizou até a última atualização desta reportagem.
Entenda o caso
Samir Carvalho matou a esposa Amanda Fernandes em Santos, SP
Reprodução/Instagram e Daniela Rucio/TV Tribuna
Conforme informado pela delegada Deborah Lázaro, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos, o fato do sargento ter ido para a clínica médica com um revólver e um punhal comprovou a premeditação do crime. Estas, inclusive, foram as armas usadas para matar Amanda.
Ainda de acordo com a Deborah, o sargento premeditou o crime por acreditar que estava sendo traído. Durante as investigações, a delegada afirmou ter sido comprovado que Amanda não tinha um relacionamento extraconjugal, ou seja, fora do casamento com Samir.
Os laudos e depoimentos de todos os envolvidos foram juntados no inquérito policial, que foi encaminhado ao Fórum de Santos. Para a delegada, a reconstituição do crime, realizada no dia 22 de maio, foi essencial para o esclarecimento da dinâmica da ocorrência e conclusão do inquérito.
Sobre os policiais militares que atenderam a ocorrência e estavam no momento do crime, a delegada afirmou que a conduta deles está sendo investigada pelo inquérito da PM, que deve apontar se eles serão penalizados. Deborah também aguarda a conclusão dos laudos da reconstituição do crime.
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Amanda Fernandes e Samir Carvalho (à esq.) e laudo do IML (à dir.)
Redes Sociais e Reprodução
Justiça torna réu
O MP-SP solicitou uma pena mínima de 70 anos ao sargento em denúncia oferecida pelo promotor Fabio Perez Fernandez. O órgão também pediu a fixação de uma indenização no valor mínimo de R$ 100 mil para os herdeiros de Amanda, além da quantia de R$ 50 mil à filha que presenciou o crime.
O juiz da Vara do Júri/Execuções do Foro de Santos, Alexandre Betini, acolheu os pedidos do MP-SP e tornou Samir réu por homicídio qualificado e tentativa de homicídio.
Segundo apuração do g1 junto à Justiça Militar, a prisão do sargento resultou na chamada agregação militar, status que o coloca como inativo temporariamente. Nessa condição, ele perde o direito ao salário e o tempo de serviço não é contabilizado.
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