Polícia investiga se PCC matou ex-delegado por analisar contratos de prefeituras da Baixada Santista com o crime organizado

  • 18/09/2025
(Foto: Reprodução)
Ex-delegado Ruy Ferraz Fontes foi assassinado enquanto ocupava cargo de secretário de Administração de Praia Grande Reprodução e Prefeitura de Praia Grande A Polícia Civil de São Paulo investiga se criminosos do Primeiro Comando da Capital (PCC) que participaram de contratos com prefeituras da Baixada Santista mataram Ruy Ferraz Fontes em represália pela atuação dele na Secretaria da Administração de Praia Grande, no litoral paulista. Essa é uma das duas principais linhas de investigação do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para tentar esclarecer o crime e saber quem matou e quem mandou matar o ex-delegado-geral da Polícia Civil no estado. O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, falou em coletiva nesta quinta-feira (18), essa hipótese. "O que existe é uma possibilidade que esteja relacionada a atuação dele como secretário municipal. Uma das coisas que veio e está sendo analisado é exatamente isso. Eventuais contratos em que o crime organizado vem participando em contratos públicos para lavar dinheiro”. "Não é surpresa para ninguém que o crime organizado vem participando de vários setores da economia lícita, tentando lavar dinheiro em contratos públicos. Nós tivemos ano passado a operação Fim da linha ano passado, tivemos a Carbono Oculto, neste ano, em que o PCC estaria lavando dinheiro em postos de combustíveis e usinas", completou Derrite. Outra hipótese que busca esclarecer o caso é a de que ele tenha sido executado a tiros por bandidos do PCC pelo histórico de combate à facção. O crime foi cometido na última segunda-feira (15) por seis bandidos armados que fugiram depois. Aposentado, Ruy tinha 64 anos e atualmente era secretário de Administração da Prefeitura de Praia Grande. Entre suas atribuições estavam monitorar e analisar eventuais propostas de contratos de projetos e obras em licitações públicas. O DHPP vai analisar essas propostas de contratos para verificar se alguma delas foi feita por pessoas com ligação com PCC. O Palácio dos Bandeirantes acredita que o ex-delegado estava analisando contratos da Prefeitura de Praia Grande, como de coleta de lixo e transporte, o que causou incômodo nessas pessoas identificadas. Reportagem do Jornal Nacional de 2024 mostrou que o Ministério Público de São Paulo descobriu que o Primeiro Comando da Capital pagava propina a prefeituras de cidades na Baixada Santista e Grande São Paulo para ganharem licitações. A propina era paga a funcionários da administração pública que redigiam editais para favorecer bandidos a vencerem o pleito e conseguirem contratos com as prefeituras. Por ter sido delegado de polícia e sempre ter uma postura de combater criminosos, Ruy teria identificado irregularidades em algum dos contratos e impedido a concretização dele. O que, de acordo com policiais que investigam o homicídio do policial, pode ter irritado bandidos com envolvimento com o PCC. Diante disso, parte da quadrilha decidiu matá-lo porque ele estaria atrapalhando os planos da facção, segundo um policial ouvido pela reportagem sob a condição de anonimato. O que diz a prefeitura Jeep Renegade (à esquerda) abandonado e Toyota Hylux (à direita) queimado que foram roubados por criminosos indica que execução de Ruy Ferraz Fontes (ao centro) começou há mais de cinco meses, segundo a polícia Reprodução A equipe de reportagem procurou a Prefeitura de Praia Grande que divulgou a seguinte nota para comentar o assunto: "A Prefeitura de Praia Grande reforça que lamenta o falecimento do Secretário de Administração e ex-delegado de Polícia, Dr. Ruy Ferraz Fontes. A Administração Municipal explica que informações relacionadas sobre a ocorrência e investigação do caso devem ser apuradas especificamente com setores ligados à Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. A Prefeitura não emitirá comunicados ou nenhum tipo de posicionamento relacionados a suposições ou especulações a respeito, que possam atrapalhar as investigações. Por conta dos desdobramentos das investigações e para preservar os familiares e amigos do Dr. Ruy, e ainda os servidores municipais, a Prefeitura também não fornecerá informações relacionadas a rotina diária de atuação do Secretário de Administração. Importante ressaltar que a Prefeitura de Praia Grande é referência na realização de licitações e chamamentos públicos, utilizando a tecnologia como ferramenta de trabalho, gerando ainda mais transparência e agilidade nos processos. A Administração Municipal reafirma a confiança em todos os procedimentos adotados e no profissionalismo dos servidores municipais. Por fim, a Prefeitura ratifica a confiança no trabalho de apuração dos fatos pelas instituições de Segurança." Ameaças começaram em 2000 Câmera de monitoramento flagrou execução de ex-delegado geral Ruy Ferraz Fontes Apesar de ter dito há duas semanas antes do crime que não se sentia ameaçado, o celular de Ruy foi apreendido pela polícia para ser periciado. O ex-delegado começou a sofrer ameaças no início dos anos 2000, quando passou a investigar o PCC e prender suas lideranças que atuavam no tráfico de drogas. O DHPP já sabe que a execução de Ruy começou a ser planejada mais de cinco meses antes do crime. O plano teve início em meados de março, quando um dos carros usados na emboscada foi roubado na capital paulista. Outro veículo usado no crime foi roubado em julho, também na cidade de São Paulo. O Hylux aparece nas imagens gravadas por câmeras de segurança que gravaram o crime. É dele que os criminosos saem atirando (veja vídeos abaixo). Os veículos foram apreendidos pela polícia depois de terem sido abandonados em Praia Grande pelos bandidos, que fugiram. O Renegade estava estacionado numa rua e o Hylux tinha sido queimado. Ambos foram localizados a cerca de 2 km do local do homicídio. Um terceiro carro, também usado pela quadrilha, ajudou na fuga dos criminosos. A pedido do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que investiga o caso, a Justiça decretou as prisões temporárias de dois dos suspeitos identificados pelos policiais. Eles são procurados. Ruy estava sozinho no carro, um Fiat Argo que ficou com 29 perfurações após o ataque. O veículo não era blindado e pertencia à sua esposa. O casal morava em São Caetano do Sul, na região metropolitana. Ele não deixou filhos.

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/09/18/policia-investiga-se-pcc-matou-ex-delegado-em-represalia-por-analisar-contratos-de-prefeituras-da-baixada-santista-com-o-crime-organizado.ghtml


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