Motorista que avançou sinal vermelho e matou motociclista irá a júri popular no litoral de SP

  • 17/09/2025
(Foto: Reprodução)
Caetano Ribeiro Aurungo, de 21 anos, morreu em acidente no bairro Embaré, em Santos (SP) Redes sociais e Ariane Andrade João Pedro Donatone, o motorista que bateu e matou o motociclista Caetano Ribeiro ao avançar um sinal vermelho em Santos, no litoral de São Paulo, irá a júri popular. Conforme apurado pelo g1 nesta quarta-feira (17), ele deverá responder por homicídio com dolo eventual, quando não há intenção de matar, mas se assume o risco. O caso aconteceu na madrugada de 19 de outubro de 2024, no cruzamento das ruas Álvaro Alvim e Conselheiro Lafayette, no bairro Embaré, em Santos. João, então com 19 anos, furou o sinal vermelho e atingiu Caetano Ribeiro Aurungo, de 21, que morreu no local. Atualmente, o jovem cumpre medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica. Após duas audiências de instrução, nas quais foram ouvidos o réu e diversas testemunhas, incluindo os policiais que atenderam à ocorrência, o juiz Bruno Nascimento Troccoli, da Comarca de Santos, decidiu pela pronúncia de João, que será levado a julgamento pelo Tribunal do Júri. ✅Clique aqui para seguir o canal do g1 Santos no WhatsApp. A maioria das testemunhas relatou que o motociclista havia buzinado antes de ser atingido pelo carro do réu, que estava em alta velocidade. Segundo os relatos, João também apresentava sinais de embriaguez e não demonstrou preocupação com a vítima após a colisão. Os advogados de João Pedro solicitaram que o caso fosse tratado como homicídio culposo, negando que João estivesse embriagado. A defesa ainda apresentou um parecer técnico apontando que a causa determinando do acidente teria sido a velocidade excessiva da vítima, que estaria conduzindo a moto com velocidade superior a 90 km/h. Apesar disso, o juiz explicou que, nesta fase processual, a desclassificação do crime [para culposo] só é possível quando a prova dos autos demonstra, de forma inequívoca e indiscutível, que o réu não agiu com dolo nem assumiu o risco de produzir o resultado. “Havendo dúvida razoável, deve a questão ser submetida ao Tribunal do Júri, juiz natural da causa”. Defesa da vítima comemora a decisão A sentença, publicada na segunda-feira (15), foi celebrada pela defesa da família de Caetano. Em nota, os advogados Yuri Cruz e Matheus Miranda informaram que a decisão foi “correta e necessária”. “A instrução processual deixou evidente que não se tratou de mera imprudência. O conjunto probatório aponta para a prática de homicídio doloso, na modalidade de dolo eventual, pois o acusado assumiu conscientemente o risco de produzir o trágico resultado que ceifou a vida do jovem Caetano”, diz o pronunciamento. Segundo os advogados, o réu demonstrou indiferença com a vida alheia ao avançar o sinal vermelho com o carro em velocidade incompatível e após ingerir bebida alcoólica. “Essas circunstâncias evidenciam a gravidade da conduta e justificam, de forma inquestionável, a submissão do caso ao julgamento pelo Tribunal Popular, a quem cabe dar a resposta que a sociedade espera”. Carro avançou com o carro no sinal vermelho em cruzamento de ruas no bairro Embaré, em Santos (SP) Reprodução Consumo de álcool João Pedro Donatone confessou estar errado (à esq.) em acidente que terminou com a morte de Caetano Ribeiro (ao centro) Reprodução, Redes sociais e Ariane Andrade Um laudo pericial do telefone de João Pedro revelou conversas que apontam o consumo de bebidas alcoólicas por parte do suspeito antes do acidente. No dia, João foi exame clínico no Instituto Médico Legal (IML) que deu negativo para embriaguez. O laudo, porém, apontou sinais indicativos de que ele estava sob o efeito de álcool. No laudo pericial, realizado pelo Instituto de Criminalística (IC) a pedido da Polícia Civil, foi constatada a atividade de João nas redes sociais entre os dias 18 e 19 de outubro, com quatro conversas com diferentes amigos. “Já há uma série de elementos, de provas, colhidos na fase de investigação que demonstram que o acusado, de fato, assume o risco de atingir o resultado trágico com a vítima Caetano, na modalidade do dolo eventual ao dirigir um veículo automotor em alta velocidade, sem respeitar o sinal vermelho e após ter ingerido álcool”, informou o advogado Yuri Cruz, que representa a família de Caetano ao lado do advogado Matheus Miranda. Conversas Uma troca de mensagens no dia 18 revelou os planos de João para a data. Na conversa, um amigo convida o motorista para ir a São Paulo justificando que iria apresentar uma garota para ele. No entanto, João responde que não poderia, pois havia reservado um camarote em uma casa noturna de Santos. Em seguida, os dois combinam o encontro para o dia 19 (veja abaixo). João Pedro falou sobre reserva de camarote em casa noturna antes de acidente em Santos — Foto: Reprodução do exame pericial Uma conversa com outro amigo mostra que eles estavam se comunicando momentos antes do acidente, cada um em seu veículo, mas seguindo o mesmo trajeto. Em determinado momento, a dupla fala sobre a dinâmica do acidente, culpando o motociclista. O trecho que chamou atenção da perícia ocorreu quando o amigo disse para João que estava levando água para ajudá-lo a fazer o “álcool cair" (veja abaixo). Amigo de João falou sobre ações após o acidente em Santos Reprodução do exame pericial Depois do acidente, João conversou sobre o caso com outra pessoa. Ele chegou a enviar uma imagem com a legenda “eu 20 min [minutos] antes da merda”, referindo-se ao estado dele minutos antes do acidente. Em seguida, o jovem pediu para guardar segredo sobre o conteúdo (veja abaixo). João apagou mensagem que enviou para amigo Reprodução do exame pericial A última troca de mensagens que chamou atenção da perícia ocorreu com um quarto amigo de João. Na ocasião, ele confessou que colidiu com a motocicleta depois de avançar o semáforo vermelho (veja abaixo). João Pedro confessou ser responsável pelo acidente Reprodução do exame pericial Acidente A Polícia Militar disse ter sido acionada para atender o caso de uma colisão entre uma moto e um carro por volta das 3h40 do dia 19. No local, os agentes encontraram o motociclista no chão, já sendo atendido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A morte foi constatada em seguida. A Secretaria de Segurança Pública informou que os policiais apuraram que o condutor do carro atingiu o motociclista após avançar o sinal vermelho. O local foi isolado pelos policiais até a retirada do corpo e a ocorrência foi apresentada na Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Santos. Vídeo mostra momento em que carro avança sinal vermelho e atropela motociclista Quem era Caetano? Caetano deixou dois irmãos caçulas, sendo uma menina de 14 anos e um menino de 11. O trio morava com os avós paternos no bairro Aparecida. A avó Freire Aurungo contou ao g1 que possuía a guarda dos três netos, apesar de todos terem contato com os pais biológicos. Vanda Freire Aurungo tinha a guarda do neto Caetano Ribeiro Aurungo Arquivo Pessoal O pai de Caetano morreu no dia 14 de agosto após adoecer. No entanto, semanas antes de ficar doente, o pai do jovem havia voltado a morar na casa da mãe e, consequentemente, ter mais convívio com Caetano. “Eles conversaram, desabafaram um com o outro e o Caetano estava até feliz com essa situação. Ele comentou isso comigo essa semana que passou, falou que estava contente de ter essa aproximação com o pai, aí aconteceu isso do pai adoecer e falecer [...]. Ele ficou muito mal, acho que esperava uma aproximação, que aconteceu, mas não teve continuidade”, afirmou Vanda. VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos

FONTE: https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2025/09/17/motorista-que-avancou-sinal-vermelho-e-matou-motociclista-ira-a-juri-popular-no-litoral-de-sp.ghtml


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