Executado no litoral de SP, ex-delegado Ruy Ferraz Fontes foi alvo de diversos ataques; veja a lista
17/09/2025
(Foto: Reprodução) Entenda o que se sabe sobre a execução do delegado Ruy Ferraz Fontes
Ruy Ferraz Fontes, o ex-delegado executado a tiros em Praia Grande, no litoral paulista, foi vítima de outros crimes no decorrer da vida. Em alguns dos episódios, ele reagiu e, em um deles, chegou até a perseguir os criminosos que tentaram assaltá-lo. Confira abaixo a sequência dos crimes.
O ex-delegado foi morto na segunda-feira (15), na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, no bairro Nova Mirim, em Praia Grande (SP). Segundo o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, os veículos usados pelos criminosos foram localizados.
A Polícia Civil já identificou dois suspeitos por meio de impressões digitais encontradas em um dos carros abandonados. A Justiça já recebeu o pedido de prisão temporária dos investigados, mas até a última atualização desta reportagem, ninguém havia sido preso.
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Ruy Ferraz Fontes foi alvo de diversos atos de criminosos
Reprodução/Redes Sociais, Reprodução/TV Globo e Reprodução
Conforme apurado pelo g1, Fontes foi alvo de um assalto ao lado da esposa e ao menos outras três tentativas de roubo.
Confira detalhes de cada crime em ordem cronológica:
2010
Segundo o promotor Lincoln Gakiya, que investiga o crime organizado, ele descobriu um plano do PCC para assassinar Ruy Ferraz Fontes na saída do 69° Distrito Policial, na Zona Leste da capital paulista, em 2010.
O plano frustrado terminou com a prisão de Francisco Aurilio da Silva de Melo, apelidado de XT, nas imediações da delegacia onde Fontes trabalhava. Com ele, os PMs encontraram uma pistola Taurus .380, um fuzil M-16, três carregadores e 87 munições.
2012
Na época com 51 anos, Fontes era delegado na Zona Sul quando foi surpreendido por criminosos no dia 24 de abril. Ele e uma investigadora seguiam de moto pela Rodovia Anchieta quando foram cercados por dois homens que ocupavam outra moto e houve tiroteio.
Um dos criminosos foi baleado e morreu no local, enquanto outro foi socorrido ferido. Apesar disso, a policial também foi atingida no pescoço e socorrida. Já o delegado, que atingiu os dois homens, não ficou ferido.
2020
Já como delegado-geral da Polícia Civil, Ruy Ferraz Fontes foi vítima de uma tentativa de assalto no dia 14 de agosto, na avenida Tereza Cristina, região do Ipiranga, Zona Sul da capital paulista.
Na ocasião, o delegado-geral estaria voltando para casa sozinho de carro, depois do dia de trabalho. Ele reagiu e baleou o suspeito, que fugiu ferido. O veículo foi atingido por dois disparos e foi periciado.
2022
Quando Fontes era diretor do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope), ele estava dirigindo quando foi abordado por dois homens em uma moto que tentaram assaltá-lo na Avenida do Estado, próximo à Avenida Presidente Wilson, na Zona Sul de SP, no dia 7 de maio.
Na época, o ex-delegado-geral contou que o homem na garupa desceu armado e bateu no vidro do carro, mas fugiu com o comparsa ao perceber que o carro era blindado. Na ocasião, Fontes perseguiu os bandidos até conseguir fechar a motocicleta. Um dos criminosos sacou uma arma e o ex-delegado reagiu. Apesar disso, os criminosos subiram com a moto na calçada e fugiram.
2023
Já aposentado da polícia e como secretário municipal de Administração, Fontes sofreu um assalto ao lado da esposa no dia 16 de dezembro, no bairro Canto do Forte, em Praia Grande.
Conforme apurado pelo g1, o casal tinha acabado de sair de um restaurante e estava a caminho de casa. Eles estavam em uma moto e, ao seguirem em direção ao estacionamento, foram abordados por uma dupla, que também estava em uma motocicleta e roubou celulares, joias, cartões e o veículo do casal (veja o vídeo abaixo).
De acordo com a Polícia Civil, os criminosos, ambos de 21 anos, foram presos em flagrante na Rua Antônio Cardoso Ferreira por agentes da Guarda Civil Municipal (GCM). Em nota, a Prefeitura de Praia Grande informou que a equipe chegou até os criminosos após a moto utilizada pelos ladrões ser identificada pelo sistema de monitoramento da cidade.
Ex-delegado-geral da Polícia Civil é rendido com arma na cabeça e assaltado
O crime
O assassinato de Ruy Ferraz Fontes, ex-delegado-geral da Polícia Civil, ocorreu momentos após ele cumprir expediente na Prefeitura de Praia Grande, no litoral de São Paulo, onde era secretário de Administração. O local do crime fica a cerca de 600 metros do Paço Municipal, e a perseguição foi registrada por câmeras de monitoramento (veja abaixo).
Delegado Ruy Ferraz Fontes é executado a tiros em Praia Grande, SP
Com base nas imagens de monitoramento da prefeitura, os criminosos chegaram à Rua Arnaldo Vitulli, ao lado da Secretaria de Educação (Seduc), às 18h02 de segunda-feira (15). Eles permaneceram de tocaia até às 18h16, quando o ex-delegado passou de carro e foi alvo dos primeiros disparos de fuzil.
Ruy Ferraz Fontes tentou escapar pela Rua 1º de Janeiro, mas foi perseguido por cerca de 500 metros. Na Avenida Dr. Roberto de Almeida Vinhas, bateu em um ônibus e capotou. Nesse momento, três criminosos armados com fuzis desceram do carro.
Um deles ficou na contenção, enquanto os outros dois se aproximaram do veículo e executaram o ex-delegado com diversos disparos.
A Prefeitura de Praia Grande e a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) lamentaram a morte do delegado.
Quem era Ruy Ferraz Fontes
Delegado Ruy Ferraz Fontes é executado a tiros no litoral de SP
Prefeitura de Praia Grande e Reprodução
Ruy Fontes foi delegado-geral de São Paulo entre 2019 e 2022 e atuou por mais de 40 anos na Polícia Civil. Teve papel central no combate ao crime organizado e foi pioneiro nas investigações sobre o PCC. Comandou divisões como Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Departamento Estadual de Investigações contra Narcóticos (Denarc), além de dirigir o Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap).
Formado em Direito pela Faculdade de São Bernardo do Campo, com pós-graduação em Direito Civil, Fontes teve passagens por delegacias especializadas como o DHPP, o Denarc e o Deic.
Foi justamente no Deic, no início dos anos 2000, como chefe da 5ª Delegacia de Roubo a Bancos, que ele iniciou investigações sobre o PCC, sendo responsável por prender lideranças da facção e mapear sua estrutura criminosa.
Sua atuação foi decisiva durante os ataques de maio de 2006, quando o PCC promoveu uma série de ações violentas contra forças de segurança em São Paulo.
Entre 2019 e 2022, comandou a Delegacia Geral de Polícia do Estado de São Paulo. Nesse período, liderou a transferência de chefes do PCC de presídios paulistas para unidades federais em outros estados, medida considerada estratégica para enfraquecer o poder da facção dentro das cadeias.
Ruy Fontes participou de cursos no Brasil, na França e no Canadá, e também foi professor de Criminologia e Direito Processual Penal.
Ele estava aposentado da Polícia Civil. Em janeiro de 2023, assumiu a Secretaria de Administração de Praia Grande, cargo que ocupava até agora, quando foi assassinado.
Infográfico: ex-delegado-geral de SP é assassinado no litoral sul
Arte/g1
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