Derrite diz não descartar ação de policiais e GCMs na execução de ex-delegado por conta da postura dos atiradores com fuzil
18/09/2025
(Foto: Reprodução) Suspeita de buscar fuzil usado na execução do ex-delegado é presa
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, disse nesta quinta-feira (18) que não descarta a possibilidade de envolvimento no assassinato do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes de agentes de segurança em razão de como os atiradores seguravam os fuzis. No entanto, segundo ele, ainda não há nenhum indício disso.
Questionado em uma entrevista à imprensa sobre se há a possibilidade de o ex-delegado ter descoberto um esquema fraudulento de licitações em Praia Grande, onde era secretário, e se há envolvimento de um GCM do município no crime, Derrite explicou que chegou essa uma informação por meio do canal de disque-denúncia.
Não está sendo descartada a possibilidade por conta da postura daqueles atiradores com fuzis em mãos, mas não se sabe, não tem nenhum indício da participação ainda de nenhum agente de segurança.
Derrite afirmou ainda não ter dúvidas de que há envolvimento do crime organizado na execução do ex-delegado em uma emboscada no litoral paulista.
De acordo com o secretário "a dúvida - e a gente não descarta as possibilidades - é se a execução foi motivada por combate ao crime organizado durante toda a carreira do delegado ou por conta da atuação atual como secretario na Praia Grande". "Isso é um fato. A motivação é que ainda está em aberto", afirmou Derrite.
O secretário afirmou ainda é considerado o envolvimento de um líder do PCC que foi solto recentemente do sistema prisional.
Ele afirmou ainda que Fernando Gonçalves dos Santos, o "Azul" ou "Colorido", é apontado como um líder da facção e responsável por coordenar o tráfico na Baixada Santista. Ele deixou há cerca de um mês a Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. A defesa dele não foi localizada pela reportagem.
O Azul ou Colorido, como também é o outro codinome dele na facção, é um membro considerado importante na organização criminosa. Ficou preso na Penitenciária II de Presidente Venceslau durante muito tempo, inclusive com todas as lideranças do PCC. Foi para o sistema penitenciário federal e saiu recentemente. Então, a gente não descarta a possibilidade
O delegado-geral, Artur Dian, ressaltou que talvez "não necessariamente tenha participado" diretamente, mas a polícia "está apurando através das investigações se existe um vínculo".
Fernando Gonçalves Dos Santos, conhecido como Azul no PCC
Reprodução
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Os suspeitos, que são alvo de mandados de prisão e estão foragidos, são Felipe Avelino da Silva, conhecido no PCC como Masquerano, e Flávio Henrique Ferreira de Souza, 24 anos. A defesa deles não foi localizada pela reportagem. (Veja fotos abaixo.)
Ele ressaltou que "há participação no crime organizado". "Para nós não resta dúvida por conta principalmente do Masquerano que é um indivíduo que nós sabemos que pertence à organização criminosa, PCC, por conta do trabalho de inteligência do Depol e centro de inteligência do ABC".
O secretário explicou ainda que eles foram identificados por meio de material genético encontrado em um dos carros abandonados pelos criminosos após a execução, mas que a polícia ainda não se sabe qual a participação deles no assassinato. "Ainda é cedo para apontar qual o papel deles no crime", afirmou Derrite.
Segundo a polícia, Silva é de São Bernardo e tem antecedentes por roubo e tráfico de drogas.
Felipe Avelino da Silva (à esq.) e Flávio Henrique Ferreira de Souza, suspeitos da execução do ex-delegado Ruy Ferraz Fontes.
Reprodução/TV Globo
A delegada Ivalda Aleixo, chefe do DHPP, disse que a polícia ainda apura quantas pessoas tiveram participação no crime.
"Sobre quantas pessoas participaram, diretamente vocês viram, está nas imagens, mas indiretamente só com as investigações, que é a participação dessa [mulher] que já foi presa, que é pós crime - a retirada da arma do local", afirmou.
➡️ Contexto: Ruy Ferraz Fontes foi delegado-geral da Polícia Civil de SP e esteve na corporação por cerca de 40 anos. Ele foi um dos pioneiros na investigação do PCC. Desde janeiro de 2023, ele comandava a Secretaria de Administração de Praia Grande. Ele foi assassinado após finalizar o seu expediente na prefeitura na segunda (15).
Uma das hipóteses investigadas é a de que o ex-delegado foi assassinado pelo PCC por seu histórico de combate à facção, que comanda o tráfico de drogas no estado e já o ameaçou de morte.
Outra é a de que o ex-policial possa ter sido emboscado e morto por desafetos em razão do seu trabalho como secretário em Praia Grande, cidade onde foi assassinado.
O ex-delegado tinha 64 anos e foi um dos responsáveis pela prisão de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, uma das principais lideranças do PCC.
Mulher presa
O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite (PL), ao lado do atual delegado geral da Polícia Civil de SP, Artur Dian, e Evalda Aleixo, diretora do DHPP.
Reprodução/TV Globo
As autoridades também falaram sobre a prisão de uma mulher por suspeita de ter ido buscar na Baixada Santista um dos fuzis usados na execução. Segundo o delegado-geral de Polícia, Artur Dian, ela teve apenas participação logística no crime.
Em seu depoimento, Dahesly Oliveira Pires, de 25 anos, contou que foi acionada por um homem, que pediu que ela fosse até a Praia Grande retirar um pacote. Ela, então, viajou até o litoral, pegou o pacote, o trouxe para São Paulo e depois o entregou para esse mesmo homem. Os investigadores afirmaram no pacote estava um dos fuzis usados no assassinato do delegado.
Segundo Dian, "extraoficialmente ela disse que sabia que carregava o fuzil". Procurada, a defesa dela disse que iria se manter em silêncio até se inteirar do caso.
"A família me contratou hoje [quinta] de manhã. Então, até eu ter acesso à íntegra, acesso a tudo, eu vou preferir ficar em silêncio", falou ao g1 o advogado Caio Pereira, que faz a defesa de .
Na visão da polícia, portanto, ela contribuiu para a logística do crime. A prisão é temporária, válida por 30 dias e renovável por mais 30.
A TV Globo apurou ainda que foram encontradas, no celular de Dahesly, fotos do fuzil usado na execução.
Investigação
Polícia de São Paulo afirma que identificou dois suspeitos do assassinato do ex-delegado-geral Ruy Ferraz Fontes
Reprodução/TV Globo
Equipes do DHPP, em conjunto com agentes do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), estão à frente da operação.
Na quarta-feira, a mãe e o irmão de um dos suspeitos foram ouvidos pela polícia. O teor dos depoimentos não foi divulgado.
Também foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão em endereços da capital e de cidades da Grande São Paulo, segundo a Secretaria da Segurança Pública.
PCC tinha planos para matar ex-delegado, investigadores e promotores desde o início de 2000
Conheça as linhas de investigação do assassinato do ex-delegado geral Ruy Ferraz Fontes