Bola assinada por Neymar e furtada durante ato bolsonarista era um presente; entenda
01/07/2025
(Foto: Reprodução) Peça foi um presente da delegação do Santos Futebol Clube ao ex-deputado federal Marco Maia (PT). Ao g1, ele disse que achou justa a condenação de 17 anos de prisão ao homem acusado do furto da bola. Bola assinada por Neymar foi um presente da delegação do Santos Futebol Clube ao ex-deputado federal Marco Maia (PT)
Câmara dos Deputados/Divulgação e Rodolfo Stuckert/Agência Câmara
A bola assinada pelo jogador de futebol Neymar Jr., furtada do museu da Câmara dos Deputados durante o ato bolsonarista em Brasília, foi um presente da delegação do Santos Futebol Clube ao ex-deputado federal Marco Maia (PT), que era presidente da Casa na época. Ao g1, Maia contou que achou justa a condenação do homem acusado do furto.
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Nelson Ribeiro Fonseca Junior foi condenado a 17 anos de prisão pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado, furto qualificado, associação criminosa armada e deterioração de patrimônio tombado (veja detalhes no fim da matéria).
De acordo com Maia, ele recebeu a bola como presente na sessão solene que coordenou em homenagem ao centenário do Santos Futebol Clube, em abril de 2012. Na ocasião, dirigentes e jogadores do time estiveram em Brasília.
“O Neymar, na época, era muito jovem ainda, era um menino, e já participava desta sessão solene lá na Câmara dos Deputados”, disse o ex-parlamentar. Maia conta que chegou a 'jogar com o atleta'.
“Troquei embaixadinhas de cabeça com o Neymar com esta bola. Depois deste evento, ela acabou se transformando num símbolo desta comemoração de 100 anos do Santos Futebol Clube”.
Ao g1, o ex-deputado contou que Neymar e outros jogadores do clube da Baixada Santista assinaram o objeto em dedicatória ao museu.
“Pedi que escrevessem. [...] Mesmo que o presente tenha sido dado a mim pessoalmente, é uma tradição da Câmara dos Deputados. E:sses presentes são revertidos ao museu, portando, a partir daí, ficam sob a guarda da Câmara e são colocados em exposição no Salão Verde”, explicou.
Bola autografada por Neymar que sumiu em ataque terrorista em Brasília foi encontrada em Sorocaba
Arquivo Pessoal
Bola furtada
A bola estava desaparecida desde a invasão ao Congresso Nacional em 8 de janeiro de 2023. Maia disse que se surpreendeu com a notícia do ataque. “Fiquei mais perplexo ainda quando soube que a bola havia sido roubada e que estava no lugar incerto, ninguém sabia onde se encontrava”, afirmou o ex-presidente da Câmara dos Deputados.
Ao g1, o político disse que chegou a visitar o Congresso Nacional dias após a invasão e chegou a chorar ao ver os itens que restaram no museu danificados.
“Era uma cena triste, lamentável e que denota a existência de uma parcela da sociedade brasileira que não respeita e que não tem a dimensão da importância histórica que tem o parlamento, que tem as instituições brasileiras”, relembrou.
Nelson que estava com a bola
A peça foi encontrada na Vila Jardini, em Sorocaba (SP), no dia 28 de janeiro do mesmo ano. Na época, Nelson Ribeiro Fonseca Junior, de 34 anos, entrou em contato com a Polícia Militar afirmando estar com o objeto que havia sido furtado do museu da Câmara dos Deputados durante o ato bolsonarista em Brasília. Ele pediu orientações à PM sobre o que fazer com a bola.
Segundo o relato, ele pegou a bola para devolvê-la, mas não conseguiu entregá-la aos policiais por causa do confronto e decidiu levá-la para casa, para posteriormente apresentá-la às autoridades. Na ocasião, ele foi ouvido e liberado.
Em março de 2023, ele foi preso em Sorocaba (SP) durante a oitava e maior fase da Operação Lesa Pátria, que cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão em todo o país por suspeita de envolvimento nos ataques de 8 de janeiro.
Nelson integrou o grupo de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro que invadiu e depredou as sedes dos Três Poderes, em Brasília, após a derrota do candidato à reeleição nas urnas.
O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Nelson a 17 anos de prisão, nesta segunda-feira (30) (veja detalhes abaixo). Maia acredita que o homem acusado pelo furto deve sofrer as consequências legais, junto com as demais pessoas que invadiram o Congresso.
“Acho justo que, até como exemplo para a sociedade e para o mundo, essas pessoas sejam punidas. Afinal de contas, elas atentaram contra o patrimônio público, contra o patrimônio que é de todo o povo brasileiro, não é de uma pessoa ou de outra. A gente pode concordar ou não com as opiniões, com as posições dos parlamentares, dos deputados, dos senadores, dos ministros, mas nada nos dá o direito de depredar o patrimônio que é público”.
Em nota, a assessoria de Neymar Jr. disse que o jogador não se posicionará sobre o assunto. Procurado pelo g1, o Santos F.C. não se manifestou até a publicação desta reportagem.
Primeira Turma do STF condena homem acusado de furtar bola autografada pelo jogador Neymar
Condenação
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou a 17 anos de prisão o homem acusado de furtar a bola assinada pelo jogador de futebol Neymar Jr. nesta segunda-feira (30).
Prevaleceu o voto do relator, ministro Alexandre de Moraes. Ele foi acompanhado integralmente pelos ministros Carmen Lúcia e o ministro Flávio Dino. O ministro Cristiano Zanin votou pela condenação a 15 anos de prisão. Luiz Fux também propôs uma pena diferente, de 11 anos e 6 meses.
Segundo o relator, "o réu admitiu que esteve no local dos fatos, mais especificamente no interior do Congresso Nacional, onde teria ingressado e subtraído uma bola de futebol autografada pelo jogador Neymar".
O ministro também refutou as alegações da defesa, de que o réu teria levado a bola autografada com objetivo de protegê-la em meio ao tumulto, e que teria sido impedido pelas forças de segurança de colocá-la de volta no local adequado.
"A defesa alegou que o objeto foi retirado com o intuito de protegê-lo, mas, conforme argumenta o Parquet, a devolução da peça apenas 20 dias após os eventos descaracteriza essa justificativa e reforça o dolo na conduta, tratando-se, no máximo, de arrependimento posterior, sem relevância para fins de exclusão de ilicitude ou tipicidade”, prosseguiu.
Defesa
A defesa de Júnior pediu que fossem reconhecidas nulidades o processo: violação ao princípio da ampla defesa e do contraditório, ausência de elementos que individualizassem a conduta do acusado, pela incompetência do Supremo Tribunal Federal para julgar o caso.
Também solicitou a absolvição do acusado, por considerar que não houve crime.
Julgamento virtual
O julgamento do caso ocorreu no plenário virtual. Moraes fez o cálculo da pena da seguinte forma:
para o crime de abolição violenta do Estado Democrático de Direito: pena de 5 (cinco) anos e 6 meses.
para o crime de golpe de Estado: 6 anos e 6 meses.
para o crime de dano qualificado: pena de 1 ano e 6 meses.
para o crime de deterioração do patrimônio tombado: pena de um ano e 6 meses.
para o crime de associação criminosa armada: pena de 2 anos de reclusão
para o crime de furto qualificado: pena de 3 anos.
O ministro também fixou condenação em danos morais coletivos o valor de R$ 30 milhões, a serem pagos de forma solidária com os demais condenados pelos atos de 8 de janeiro.
Cabe recurso no próprio Supremo.
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